A embriologia na era da Inteligência Artificial

A embriologia na era da Inteligência Artificial

Nos últimos anos, a reprodução assistida tem crescido com o apoio de uma valiosa tecnologia: a Inteligência Artificial. Ela é responsável por revelar aos embriologistas todos os eventos possíveis durante o desenvolvimento embrionário. Para você ter uma ideia, hoje em dia, temos acesso ao time-lapse. Ela é uma tecnologia que faz registros fotográficos em intervalos de 10 minutos e permite que façamos a avaliação sequencial dos eventos morfocinéticos de cada embrião. Com isso, identificamos parâmetros preditores da implantação. Assim, aplicamos algoritmos de seleção embrionária, auxiliando nas decisões sobre o potencial de cada embrião formado.

Estas imagens capturadas no time-lapse são processadas por um software que analisa características importantes do embrião como a simetria, a qualidade morfológica e o tempo de divisão celular. Assim, é possível identificar os que têm maior potencial de implantação e selecioná-los para a transferência.

O acesso às informações visuais do desenvolvimento embrionário aumenta a precisão na avaliação, bem como as decisões de destino dos embriões (transferência, congelamento, biópsia). O sistema permite a troca e o compartilhamento de informações associado sem manipulações na avaliação embrionária. Isto é, sem dúvidas, uma das grandes conquistas que o time-lapse proporciona. Além de segurança no processo, ele permite um cultivo sem alterações de temperatura e concentração gasosa, observados no cultivo tradicional, onde placas de cultivo devem ser removidas de seu ambiente para a realização das avaliações embrionárias.

Além disso, a IA tem sido estudada como ferramenta de pré-rastreamento genético. Ou seja, ela identifica os embriões com baixa probabilidade de alteração genética. Assim, apenas alguns embriões serão analisados para PGT-A, evitando a biópsia e a análise de todos os embriões. A automação laboratorial dentro da reprodução assistida já é uma realidade. Ela traz mais segurança e eficiência aos profissionais e aos pacientes. Contudo, a IA ainda está sendo comprovada e estabelecida.

Com o seu desenvolvimento, a Inteligência Artificial e o Machine Learning tem o potencial de fazer parte da rotina nas clínicas de reprodução. Contudo, as etapas de confecção de algoritmo, código fonte, dados de treinamento e dados de validação precisam ser validados com cuidado e de forma satisfatória para obter alta acurácia e precisão. Este processo ainda está acontecendo e, no Fertilitat, estamos cuidando desse assunto com todo o zelo que ele necessita.

* Fabiana Wingert e Ricardo Azambuja, Embriologistas do Fertilitat