Abortamento de repetição atinge entre 1% a 5% dos casais
Postado por admin no dia 22/01/2024
Apesar de ainda ser um tabu e gerar constrangimento, o abortamento é uma situação comum na vida reprodutiva de alguns casais. É estimado que entre 20% e 25% de todas as gestações resultem em aborto. Muitas vezes isso pode acontecer mais de uma vez. Os ginecologistas do Fertilitat Fernando Badalotti apontam que é preciso falar mais sobre o assunto. Segundo eles, o Abortamento de Repetição (AR) é caracterizado por duas ou mais perdas gestacionais consecutivas antes da vigésima semana de gestação.
“Embora a incidência exata seja desconhecida, estima-se que acometa entre 1% e 5% dos casais. Porém, ela é mais comum em mulheres na faixa etária entre os 35 anos ou mais”, explica Badalotti.
Kampf destaca que, entre as possíveis causas AR no primeiro trimestre estão os fatores genéticos, em até 60% dos casos, a síndrome anticorpo antifosfolípide (SAAF) e trombofilias hereditárias, além das causas anatômicas como malformações uterinas e alterações na cavidade uterina. “Isso sem falar nos fatores imunológicos e hormonais, nas infecções e na exposição a toxinas e fatores ambientais como o tabagismo e consumo excessivo de álcool”, destaca.
Encontrar a origem do problema nem sempre é fácil. Apesar do grande número de exames disponíveis para esse tipo de avaliação, em mais da metade dos casos a causa permanece indefinida. “Por isso, durante a investigação os casais devem ser informados que muitas vezes esta avaliação não leva a nenhum diagnóstico preciso”, complementa Badalotti.
Os profissionais destacam ainda que que os fatores masculinos, como a idade, fragmentação do DNA espermático, as aneuploidias e alterações na morfologia e motilidade dos espermatozoides também são importantes. “Não há culpados nesse tipo de situação”, reforça Kampf. Estima-se que 65% dos casais com AR inexplicado, terão uma posterior gestação bem-sucedida, sendo importante orientá-los a continuar tentando engravidar.
A fertilização in vitro pode ser considerada como uma possibilidade de tratamento e prevenção do abortamento de repetição associado a cariótipo alterado, ou não. Técnicas de diagnóstico pré-implantacional possibilitam a análise do embrião antes da implantação, evitando assim a transferência de embriões com anomalias cromossômicas.
Os médicos destacam que é preciso pensar que, na ausência de uma causa determinada do AR, um pré-natal cauteloso e o apoio psicológico darão tranquilidade ao casal. Tanto Badalotti quanto Kampf orientam que, acima de tudo, o casal deve mudar o estilo de vida: parar de fumar, praticar exercícios, controlar o peso e diminuir o consumo de álcool e café.