Os caminhos para a nova maternidade

Os caminhos para a nova maternidade

Dra. Rafaella Petracco e Dr. Andrey Boeno, ginecologistas do Fertilitat

No cerne da experiência humana, encontramos a busca incessante pela transcendência do tempo e da mortalidade. Congelar óvulos, essa promessa da ciência moderna, parece ser uma tentativa de congelar o próprio tempo, de desafiar o inexorável relógio biológico que dita a vida das mulheres.

Quando discutimos a preservação da fertilidade, sempre falamos sobre as prioridades da mulher: a necessidade de consolidar-se no mercado de trabalho, garantir o seu lugar na sociedade, de lutar pela equidade entre gêneros e, por que não, de buscar uma parceria ideal para a realização da maternidade.

Nossa sociedade, por vezes, nos força a fazer escolhas profundas entre nossos desejos pessoais, nossos anseios de carreira e nossa aspiração à maternidade. Nesse contexto, congelar óvulos assume a dimensão de uma proclamação de autonomia. É uma tentativa de congelar a incerteza, de manter a porta aberta para um futuro em que nossos sonhos de família possam ser realizados sem compromissos precipitados.

Há muitos anos o congelamento permite à mulher uma segurança maior em relação a esse momento “ideal” de tornar-se mãe. Pensamos como tudo isso vai ser daqui a 10 ou 20 anos. Que oportunidades essas mulheres terão? Que garantias existirão na realização deste projeto?

Perguntas ainda sem respostas, mas a preservação da fertilidade via congelamento de óvulos poderá evitar o dissabor da impossibilidade da maternidade. Hoje, uma mulher de 40 anos está no auge das suas realizações. No entanto, os ovários envelhecem, e não há nenhuma forma de frear o tempo. Podemos pensar que o congelamento de óvulos pode dar às mulheres tempo para conquistas, tempo para buscar suas realizações profissionais antes da maternidade.

Provavelmente, o que as tecnologias nos oferecem atualmente em relação à chance de gravidez deve melhorar cada vez mais. com o aprimoramento das técnicas e meios de congelamento e descongelamento, bem como do cultivo embrionário. O futuro da preservação da fertilidade é cada vez mais promissor, dando às mulheres a possibilidade de engravidar ao seu tempo, sem pressões da sociedade ou do tão temido relógio biológico.