Artigo: Há uma dieta que ajuda a engravidar?

Artigo: Há uma dieta que ajuda a engravidar?

Por Rafaella Petracco, ginecologista do Fertilitat

Cada vez mais o lema “você é o que você come” direciona a nossa saúde. Hábitos saudáveis levam a uma vida mais longeva e com menos doenças. Atualmente, fala-se muito em uma medicina voltada para prevenção – e não somente para tratamento de doenças. Diante disso, a alimentação tem papel fundamental. E falando em infertilidade: a dieta tem importância? Se sim, qual o seu papel? O que consumimos interfere na facilidade ou na dificuldade para engravidar?

A verdade é que não existe uma dieta mágica e muito menos uma única “receita de bolo” que pode ajudar as mulheres a engravidar. Existem diversos hábitos e escolhas alimentares mais conscientes e saudáveis que podem alterar significativamente a fertilidade.

Hoje em dia, consome-se muitos alimentos com potencial inflamatório. A maioria industrializados, cheios de conservantes. São comidas rápidas e práticas, mas que carregam poucos nutrientes e muita gordura trans, sal, açúcar e carboidratos com alto índice glicêmico. Além disso, essas refeições têm alto potencial alergênico, podendo desencadear uma reação imunológica importante no organismo.

Para quem não sabe, o índice glicêmico é a quantidade de moléculas de glicose presentes em cada alimento. A quantidade ingerida determina a velocidade com que o carboidrato entra na corrente sanguínea, e a maior ou menor liberação de insulina pelo pâncreas — para equilibrar os níveis de açúcar. Comidas que afetam pouco a resposta de insulina são consideradas de baixo valor glicêmico. Quanto mais se ingere alimentos com alto índice glicêmico, maior a chance de desenvolver resistência à insulina, e aumentar cada vez mais a produção deste hormônio.

Quando se mantém os índices glicêmicos elevados, o corpo produz inflamação nos vasos sanguíneos e nervos, podendo predispor a doenças como diabetes. Essa inflamação aumentada pode ser crucial para a qualidade dos óvulos, espermatozoides e também para a implantação. Também amplia a produção de radicais livres, que podem estar aumentados por hábitos alimentares.

Os danos induzidos pelos radicais livres podem afetar muitas moléculas biológicas, incluindo os lipídeos, as proteínas, os carboidratos e as vitaminas. Diversos alimentos têm potencial antioxidante e podem atuar na melhora do funcionamento do nosso organismo.

Um estudo publicado pela Universidade de Harvard avaliou 18 mil mulheres que desejavam engravidar e estabeleceu uma relação sólida entre alimentação e fertilidade. Alguns dos achados do estudo foram a importância do consumo de proteínas ricas em gorduras boas — como as presentes no peixe — e da redução do consumo de carnes vermelhas. Carboidratos simples de alto índice glicêmico — como arroz, batata, farinha branca — devem ser evitados e priorizados aqueles mais complexos como batata doce e produtos integrais. Consumo de leites e derivados deve ser moderado e priorizar consumo de legumes e verduras. Alimentos ricos em coenzima Q10, vitaminas C, E e selênio tem um potencial antioxidante e podem atuar beneficamente no funcionamento celular.

Alguma dúvida que adquirir bons hábitos alimentares pode trazer benefícios? Claro que não! São atitudes que visam melhorar o funcionamento do organismo e, certamente, trarão benefícios na fertilidade. Uma dieta balanceada, rica em nutrientes, minerais e vitaminas — aliada à manutenção do peso adequado e à prática de exercícios físicos de forma regular — contribui para a diminuição de fatores inflamatórios e radicais livres, consequentemente preservando a saúde e ajudando na fertilidade.