Doação de gametas: tudo que você precisa saber

Doação de gametas: tudo que você precisa saber

A doação de gametas tem sido uma prática frequentemente adotada em tratamentos de reprodução assistida. Mas muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre como funciona esse procedimento, que informações podem ter sobre o doador e, principalmente, se é algo seguro para a gestação.

A Dra. Adriana Arent explica que é possível, sim, conhecer características físicas detalhadas de quem fará a doação. A ginecologista também detalha como funciona o procedimento que, feito em clínicas de excelência, traz total segurança aos pacientes. Confira mais na entrevista:

Como funciona a doação e de onde vêm os gametas?

A doação de gametas pode ser realizada com uso de banco de óvulos ou espermatozoides, por meio de ovodoação compartilhada ou por doação de óvulos sem compartilhamento.

O Programa de Ovodoação Compartilhada de Óvulos compreende uma parceria voluntária entre duas mulheres/casais que necessitam da fertilização assistida. Uma com indicação para receber óvulos doados e a outra, com indicação de FIV (fertilização in vitro), que deseja auxiliar outro casal em seu projeto parental e que pode necessitar de auxílio econômico para dar continuidade ao procedimento. É um programa de doação recíproca, em que o que une essas mulheres/casais é a tentativa de realização do sonho da maternidade. Não tem caráter comercial e é anônima. Cabe à clínica o pareamento dessas pacientes, buscando características semelhantes entre elas.

Os gametas podem também ser adquiridos por meio dos Bancos de Óvulos e Bancos de Sêmen, de forma anônima. Existem bancos nacionais e bancos internacionais que fornecem gametas femininos e masculinos.

Pode também ser feita doação sem compartilhamento, anônima ou entre parentes. A doação de gametas sempre teve caráter anônimo no Brasil, mas recentemente o Conselho Federal de Medicina alterou sua resolução e, atualmente, é permitida a doação de gametas para parentes até o quarto grau de um dos receptores — primeiro grau (pais/filhos), segundo grau (avós/irmãos), terceiro grau (tios/sobrinhos) e quarto grau (primos) —, desde que não incorra em consanguinidade.

Quais informações posso ter sobre os doadores? 

Informações sobre características físicas e pessoais como tipo de sangue, tipo físico, estatura, peso, cor dos olhos, cabelo, pele, qualificações profissionais e hobby, entre outras.

O processo é seguro?

O processo é muito seguro e respeita as diretrizes do Conselho Federal de Medicina e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Nas clínicas é mantido, de forma permanente, um registro com dados clínicos de caráter geral, características fenotípicas e uma amostra de material celular dos doadores.

Os doadores também necessitam fazer uma série de exames sorológicos, assegurando não serem portadores de doenças infecciosas. Além disso, é necessária uma avaliação genética.

Outra preocupação é quanto ao número de crianças nascidas de um mesmo doador e a possibilidade de consanguinidade futura. Para isto, mantém-se o registro dos nascimentos por região, evitando que um(a) doador(a) tenha produzido mais de dois nascimentos de crianças de sexos diferentes em uma área de um milhão de habitantes, se não for dentro de uma mesma família.

Há algum risco para o bebê?

A doação de gametas não oferece risco aos bebês nascidos.

Como posso doar sêmen ou óvulos?

No Brasil, a doação não pode ter caráter lucrativo ou comercial. A idade limite para a doação de gametas é de 37 anos para as mulheres e de 45 anos para os homens. A doação de sêmen deve ser feita diretamente aos bancos e a doação de óvulos pode ser feitas através de clínicas de reprodução.